FODA-SE

TREPAVA COMO SE FOSSE A ÚLTIMA MATÉRIA DISSIPADA EM GENIALIDADE
TORCIA PARA O VASCO
FODA-SE! 

COMO BOM FLUMINENSE QUERO MAIS É FODER!!!

BARULHO DO CHAVEIRO 
SOM PARA MEUS OUVIDOS
QUASE SURDOS DE TESÃO
FODA-SE!




POR PAULO TOSQUETA

tortas

Lá ia ela, toda vagarosa, com aquelas perninhas tortas...
circo voador era o ponto de chegada
mas queria-a na cama de um motel
com as tortas pra cima
juro que grudaria nela como um cão no cio!!
poderia permitir sua insanidade em cima de mim
gritaria até marte me invejar

Lá ia ela, toda vagarosa, com aquelas perninhas tortas...
suas ancas...naquele circo voador
o que poderia ser perdição
tornara o céu em minha cabeça

juro que grudaria nela como um cão no cio!!
aquelas perninhas tortas...

POR PAULO TOSQUETA

fábrica

sobretudo poeta!
condição digna de um pobre mortal 
no Leme leio as escorregadelas jornalísticas
cuspo a cada sete minutos
ofusco as lentes que escondem suas ânsias
política é para os surdos
complexa semântica da loura
de nova iguaçu
sortilégio


por paulo tosqueta

insensato

a poesia liberta o insensato 
quando o coração aperta
é um pequeno momento
de um delinear concreto
na sua forma mais abstrata

doce e amargo tormento
minhas vértebras sofrem
minhas veias choram
ó insensato, que tanto lamento!!

segundos se foram
entre minha imaginação e a escrita
parei com minhas mãos
estou a tua (CENSURA)

assim, fim deste pequeno
no meio dessa seresta
sem que tenhas consciência
és minha maior inspiração!!







falocracia



embrenhei-me naquela multidão e... facalhos!!

vivam como os pacunas ou como os uaicás!!
bando de jacobinos!!
a história retratada na esquina da Avenida Passos
uma xenofobia espetacular com entrada franca
para os mais modestos!!
e eu pensei que minha falocracia fosse dispautério...


por paulo tosqueta




cirandeia, poetisa

saí de fino. 
estava sozinho, pra variar. 
não pensei duas vezes. 

poesia é para as mocinhas, donas das calcinhas 
que me fazem gozo ao cheirar. 
eu só quero trepar. 
que se fodam as rimas, as métricas e as almas!! 
eu só quero trepar. 

poetisa, não me fale em linhas escondidas!
sou mais verdadeiro do que boêmio
e você se faz de mi amore
quando podia fálica 
me ter em tua beleza.

cirandeia poetisa, cirandeia!!
que sonho é pouco 
perto do que é real
eu só quero trepar.

por paulo tosqueta

se eu morrer, foi odete

minha mesa
tudo o que vejo é o computador,
folhas, canetas, noticias de última hora.
ao lado do computador
fica o meu maior amor:
destilado ouro...
gosto de sentir esse gosto antes do café...

já ao meio-dia me vejo bêbado
ligo para o rio antigo
e peço uma bela puta
para massagear meu ego

dona ivone já sabe que sou eu
e me manda odete...
uma puta anarquista!
(na verdade ela é a faxineira do puteiro)
vende-se por poesias discretas
e ri da minha miséria

disse-me que um dia desses
ainda me mata...

se eu morrer, foi odete.





por paulo tosqueta

quarto andar

suspenderam o bom senso (ou não?) após a reunião.
era cadeira arremessada na direção daqueles colarinhos...
nada poderia ser mais poético do que vê-los
com aqueles rostos suados de tensão

poesia concreta, vanguardista!!
palavras e gestos, as coisas
as malditas coisas envenenando-nos
de postura social.

foda-se a postura social!!!

quero gargalhar ao ver aqueles inexatos
com suas coisas, palavras e gestos
temerosos

o quarto poder age antes de ser piegas...
68 se repete sem niguém se tocar
venham os ditadores!!
serão mortos e fuzilados
pela poesia marginal registrada em
papéis arremesados do quarto andar.


por paulo tosqueta

dona amélia

caminhou na direção contrária, fechou os olhos, atravessou a rua.  pensou que não seria essa coisa abstrata cuja calma tanto esperou. jamais poderia ser um nada nomeado, adjetivado, verbalizado.

pensou que não seria essa coisa brutalizada pelo conveniente social. não esperou, não riu, não desistiu. jamais poderia ser um nada nomeado, adjetivado, verbalizado. construiu suas idéias e foi-se embora prum lugar não-contido nessa matemática.
sofreguidão...
ergueu-se, pos-se olhos aos céus, gargalhou irônico... escorreram duas lágrimas pelo rosto, fingir era sua superstição...

aprendeu com dona amélia.



inspiração

inspiração que vem de longe, deixe-me aqui com minhas pulgas. não quero construir muralhas, isso é coisa de chinês. quero apenas lavar a alma naquela cachoeira e ouvi-la me perguntar: "virou freguês?"

inspiração que vem de longe, pode me tocar agora. se deixar para depois, verei apenas minhas rugas me apontando e dizendo: "porque fostes antes de mim?"

inspiração que vem de longe, te sinto mais próxima e escuto teus passos. o que queres que eu faça? venha de dia e me aponte para o sol mais próximo. 











possibilidades

Entre todas as possibilidades, a mais agradável é aquela que resiste ao tempo. Tempo tomado pelo espaço, lugar bem lembrado e cultivado na memória. Aquela que não acaba por nenhum tormento, resiste às feras da inveja e da discórdia. 

Entre todas as possibilidades, a mais sincera é aquela que demonstra carinho pelo olhar, sem necessidade de dizer palavra alguma e, quando tomada de sopetão, resiste às falsas-modéstias e difamação. 

Entre todas as possibilidades, o silêncio é o melhor caminho. Não se perde a doçura de ser possibilidade, nem a transforma sem intimidade. 

Entre todas as possibilidades, sou eu o meu caminho. Nem mais, nem menos e nem pouco ou nada. Meu habitat é minha alma e lá ninguém mexe sem permissão. Não se chega de barco ou qualquer outra embarcação. Não se vai à cavalo ou qualquer outro modal que não seja o coração. 

Então, meu caro, lhe digo: se sou o que imagino, faço das possibilidades um lugar mais calmo e digno. Não peco sem razão. Sigo minhas idéias, não dispenso um sorriso e parto do princípio da dúvida-concreta: eis-me aqui em linha reta? 


desconversa

...continua com aquela mania irritante de desconversar...
...pensa e fala consigo,
                    mas não me deixa entrar...

...e deixa pra lá a saudade...

vem o vento e sopra na nuca sensação de liberdade
rufa o tambor, bate a gunga e deixa pra lá a saudade
ausência demasiada na construção da rotina

penso quieta e fico calada
e lá vem ela - a madrugada.

deixo sentir-me só em nó de amor platônico
num castelo embriagado de perguntas
frágil como a certeza e longe de ser uma reta

pouco do que se tem na hora que não convém
é glória para o coração e só assim se reverbera

uma amizade sem fim e sem pudor
sem tempo e sem distância
nem pra mim e nem pro senhor.

mania periférica, centro instante
nos pensares que me fazem ausente

tenho a clara percepção de sempre
de que você me pinta e eu danço
sem medo de ser esse encanto.

rufa o tambor, bate a gunga e deixa pra lá a saudade.







Monarcas

Entrou naquele castelo algemada e sangrava até as vestes. Foi arrastada pelos soldados por todo o interior da Realeza. Na Sala Real, o Rei e a Rainha avistaram-na e riram daquela condição piegas. Nada de Parlamento!! Gritou o Rei. Deixe-a nua!! Gritou a Rainha. E imediatamente suas vestes foram rasgadas. Observavam-na como se fossem urubus. Analisavam cada parte de seu corpo e cada chaga ali presente.

O Rei e a Rainha ordenaram o leilão daquele corpo no campo de batalha. Cada parte do corpo teria teu preço. A cabeça voltaria para o Castelo.

Canteiro das Almas

Era um pequeno e modesto canteiro onde todas as ervas cultivadas podiam dar-me teus cheiros. Adorava me sentar ao teu lado, pela manhã, compondo uma mistura de café com capim-limão, arruda, guiné. Sobretudo capim-limão. Na minha idéia, a lembrança dos cheiros poderia sustentar a minha fé durante todo o período do dia. Assim também era com o café, momento em que parava para meditar sobre a comunhão. E de fato me sustentavam. Não titubeava, quando um aperto no coração se aproximava, tão logo imaginava meu canteiro. E vinha todo o frescor das ervas e o cheiro amargo do café forte. Criava-se então uma esfera protetora vinda do reino das ervas. Bendita as palavras de Vó Maria que sempre aparecia nestes momentos.

vê se me esquece

Sobre teus julgamentos:

cansa-me saber o quanto ainda tens para ser perfeito e me ter como tormento nas tuas pestanejadas. uma coisa é vê-lo na sua labuta diária, outra é escutá-lo aos berros. a distância é algo que nos facilitou toda a impostura que tivemos, vamos agradecer por isso!!! não me vejo como tu me enxergas e na minha imagem a realidade é outra. sendo assim, tão diferente nossos olhares, porque continuar nessa guerra de patamares?!

sou uma beleza de erro e posso ser mais dura ainda na minha permissividade. minha postura é fruto de lealdade, disso não abro mão. transmito sinceridade pelo silêncio e se pra ti isso é um tanto lamento, observe tua conduta, mas não me fira na repugnação.

se todo o silêncio mantido até o momento soa como desdenho para vossa pessoa, então não te apresses, pois tuas leituras serão construídas lenta e progessivamente. mas as escritas não serão minhas e isso me envaidece.

boa sorte na tua conjuntura, e por favor, vê se me esquece.




onde estávamos...?



onde estávamos...?
ah, sim. curar-nos com a verdade. 
sensibilidade fictícia... 
não saberia para onde apontar...
mas há uma revolução no céu,
essa é a boa notícia!
não seria sensato delirar fora do tempo?!

se há prazos? não saberia lhe responder.
mutualidade real. 
dificuldade no ver, mas no sentir há simplicidade
algo que não necessita de investimentos
nem de hora, nem de lugar

então há calma
acalma

há calma
acalma

há calma
acalma

mas....onde estávamos?





Tainha

Demora tanto para considerar o finalmente
De repente, me vem você com essa ladainha
De que tudo no Sul, inclusive o outono, vira tainha!
Sólida consciência a minha!
Não travo caminho, mas não abro brechas
Não fique chocado com poucas
Sabes quais são as tuas bocas
E loucas delas acharem que são tuas!!
Construo um muro entre você e eu
e não permito escadas ou pontes
Não vejo e não escuto
Outro baque já é pranto só de pensar...

Só de pensar, dói minha espinha.
E nem tudo no Sul é tainha!!!


resposta ao poema sem título


a tua essência em meus braços pouco a pouco duraria a eternidade que fosse.
a leitura dos nossos lábios, linguagem perfeita para a comunhão de todos os outros fatores.
se a coragem do coração fosse a mesma do olhar, todo e qualquer segundo seria fusão. 


se fosse só receio seria mágico. 


respiração

daí veio a inspiração...
e a respiração que era silêncio agora expira à exaltação das trocas gasosas.