Canteiro das Almas

Era um pequeno e modesto canteiro onde todas as ervas cultivadas podiam dar-me teus cheiros. Adorava me sentar ao teu lado, pela manhã, compondo uma mistura de café com capim-limão, arruda, guiné. Sobretudo capim-limão. Na minha idéia, a lembrança dos cheiros poderia sustentar a minha fé durante todo o período do dia. Assim também era com o café, momento em que parava para meditar sobre a comunhão. E de fato me sustentavam. Não titubeava, quando um aperto no coração se aproximava, tão logo imaginava meu canteiro. E vinha todo o frescor das ervas e o cheiro amargo do café forte. Criava-se então uma esfera protetora vinda do reino das ervas. Bendita as palavras de Vó Maria que sempre aparecia nestes momentos.

vê se me esquece

Sobre teus julgamentos:

cansa-me saber o quanto ainda tens para ser perfeito e me ter como tormento nas tuas pestanejadas. uma coisa é vê-lo na sua labuta diária, outra é escutá-lo aos berros. a distância é algo que nos facilitou toda a impostura que tivemos, vamos agradecer por isso!!! não me vejo como tu me enxergas e na minha imagem a realidade é outra. sendo assim, tão diferente nossos olhares, porque continuar nessa guerra de patamares?!

sou uma beleza de erro e posso ser mais dura ainda na minha permissividade. minha postura é fruto de lealdade, disso não abro mão. transmito sinceridade pelo silêncio e se pra ti isso é um tanto lamento, observe tua conduta, mas não me fira na repugnação.

se todo o silêncio mantido até o momento soa como desdenho para vossa pessoa, então não te apresses, pois tuas leituras serão construídas lenta e progessivamente. mas as escritas não serão minhas e isso me envaidece.

boa sorte na tua conjuntura, e por favor, vê se me esquece.




onde estávamos...?



onde estávamos...?
ah, sim. curar-nos com a verdade. 
sensibilidade fictícia... 
não saberia para onde apontar...
mas há uma revolução no céu,
essa é a boa notícia!
não seria sensato delirar fora do tempo?!

se há prazos? não saberia lhe responder.
mutualidade real. 
dificuldade no ver, mas no sentir há simplicidade
algo que não necessita de investimentos
nem de hora, nem de lugar

então há calma
acalma

há calma
acalma

há calma
acalma

mas....onde estávamos?





Tainha

Demora tanto para considerar o finalmente
De repente, me vem você com essa ladainha
De que tudo no Sul, inclusive o outono, vira tainha!
Sólida consciência a minha!
Não travo caminho, mas não abro brechas
Não fique chocado com poucas
Sabes quais são as tuas bocas
E loucas delas acharem que são tuas!!
Construo um muro entre você e eu
e não permito escadas ou pontes
Não vejo e não escuto
Outro baque já é pranto só de pensar...

Só de pensar, dói minha espinha.
E nem tudo no Sul é tainha!!!


resposta ao poema sem título


a tua essência em meus braços pouco a pouco duraria a eternidade que fosse.
a leitura dos nossos lábios, linguagem perfeita para a comunhão de todos os outros fatores.
se a coragem do coração fosse a mesma do olhar, todo e qualquer segundo seria fusão. 


se fosse só receio seria mágico. 


respiração

daí veio a inspiração...
e a respiração que era silêncio agora expira à exaltação das trocas gasosas.