bom dia

quanta imaginação - dia ensolarado de boas perspectivas! 
abraços em árvores e já te consideram insana!
parques e mais parques numa urbanidade desconjuntural!
é a própria forma sem estrutura
afixiada pela fumaça que transporta 


vendedor bate de porta em porta
o carro de som já avisa...
é abóbora, beterraba, alface e abobrinha!


o espaço aéreo consumido pelas redes
coisa que nem temos conhecimento
o celular é pré-pago
sinal que mal pega na mantiqueira
e por falar em céu, onde estão os pássaros?! 


o casal se apega cada vez mais
são quase unicidade e paciência
e só agora o reconhecimento de paz!


ai, ai, bom dia vida!
bom tê-la em minha companhia!
seja sempre bem-vinda e aproveitemos o dia
que o sol abençoado veio nos trazer.
Sempre essa de viver...


Biopoema

Mesmice cortante que fere a lateralidade
Quanta coisa movida e você parada! 
Seja latente e não disperse!! 
Energia provocada em novembros céleres!
Desata e desatina sob consciência de momentos exatos.
Frases que constituem tua membrana citoplasmática
Reverenciando os glicídeos em sua postura laboral
Adesão, vedação e comunicação!
Ponha tudo na gaveta e não suma em incoerência!!




Felicidade

felicidade que em mim se encontra em estado de agitação, conseguistes passar a tensão superficial e agora borbulha e evapora por todos os poros de minha consciência. Que coisa mais mágica!!


Ou é pura ciência?!

Amor?

A leitura de minha consciência não permite a compreensão de tantos gritos.
E chamam isso de amor?!

Pode ser evolução, mas amor é demasiada perfeição.

Pare com tantos berros! Meu cerebelo balança...
quanto eco!!


 
Construção e improviso...
isso me soa como jazz...
não tem meio-termo, ou se ama ou não! 


Concreto

Parou para almoçar num restaurante vegetariano qualquer porque precisava de cores nos teus sabores. A cidade era muito cinza e o céu muito azul, não tinham outros matizes para equilibrar tua caminhada. No caminho entre o restaurante e a biblioteca, as idéias lhe chegavam tanto quanto as informações externas. Tivera a retina pronta para o córtex e mal sabiam como absorvê-las, entretanto trabalharam como nunca! 

Ao chegar à Biblioteca Municipal, faltavam as cores, os sabores e os títulos, mas o silêncio reinava e era tudo tão refrescado pelo ar condicionado que as idéias tomaram-se repentes...estava tão fácil pensar ali...

Buscou outros temas para contemplar a cultura da política que pouco se importa com a cultura. Ficou folheando e pensando e anotando as entoadas condições. Leu e releu todas as bonitas definições e conceitos de arte para construir suas próprias releituras. Olhou no relógio as horas lhe dizendo: vá! 

Seguiu calmamente para a orla do Banhado. Sua calma atrapalhava o trânsito dos desesperados e estes a consumiam pelas idéias que vinham desde lá de dentro da Biblioteca. Quanta controvérsia! Porque (alguns) livros e (algumas) realidades pouco se combinam?! O cotidiano deveria ser revisto e tido por verdade. Se bem, o que é verdade, não é mesmo? De qualquer forma, o conteúdo imposto pela realeza da plebe é uma razão incontida de sensibilidade. Quanta beleza no não-belo!! Tudo era concreto e decerto nada deserto. 

Pensar, descobrir e interpretar - Brecht tinha razão: dialética. Quanta idéia por vir! Mas, mais razão ainda tinha a Dona Maria - era um calor de lascar e a chuva não viria a cair.







matemática

Geometria que me plaina no ar
Nada fora do polígono
Mas com quadriláteros tangenciais

Algo a ver com graus longe dos minutos
Fórmulas que aconchegam meus sonhos
Tranquilizam cada báskara
O que vale é a condição do delta
Percola literalmente os acentos agudos 
e as linhas de interpretação

Percepção na coragem do dia
Às vezes álcool, às vezes fumaça
Uma louça lavada e sossego para leituras

E sou eu o fragmento da ciência e religião
Curta temporada de matéria densa
Vocalizes me dominam em condição volátil
Adeus à deusa
E tudo o que peço é para pouco trajeto
Chegar ao utópico lar e me banhar 

Quanta música envolvida!
Da matéria cinza aos ouvidos da vizinha
Lamenta-se por não me ouvir cantar mais pelas manhãs!!
Disse-me que era como oração
E eu, vaidade tomada pela imensidão da rua, abri meu largo sorriso
Mas voltei para a matemática.