Concreto

Parou para almoçar num restaurante vegetariano qualquer porque precisava de cores nos teus sabores. A cidade era muito cinza e o céu muito azul, não tinham outros matizes para equilibrar tua caminhada. No caminho entre o restaurante e a biblioteca, as idéias lhe chegavam tanto quanto as informações externas. Tivera a retina pronta para o córtex e mal sabiam como absorvê-las, entretanto trabalharam como nunca! 

Ao chegar à Biblioteca Municipal, faltavam as cores, os sabores e os títulos, mas o silêncio reinava e era tudo tão refrescado pelo ar condicionado que as idéias tomaram-se repentes...estava tão fácil pensar ali...

Buscou outros temas para contemplar a cultura da política que pouco se importa com a cultura. Ficou folheando e pensando e anotando as entoadas condições. Leu e releu todas as bonitas definições e conceitos de arte para construir suas próprias releituras. Olhou no relógio as horas lhe dizendo: vá! 

Seguiu calmamente para a orla do Banhado. Sua calma atrapalhava o trânsito dos desesperados e estes a consumiam pelas idéias que vinham desde lá de dentro da Biblioteca. Quanta controvérsia! Porque (alguns) livros e (algumas) realidades pouco se combinam?! O cotidiano deveria ser revisto e tido por verdade. Se bem, o que é verdade, não é mesmo? De qualquer forma, o conteúdo imposto pela realeza da plebe é uma razão incontida de sensibilidade. Quanta beleza no não-belo!! Tudo era concreto e decerto nada deserto. 

Pensar, descobrir e interpretar - Brecht tinha razão: dialética. Quanta idéia por vir! Mas, mais razão ainda tinha a Dona Maria - era um calor de lascar e a chuva não viria a cair.







Nenhum comentário:

Postar um comentário